Com a atual situação econômica brasileira, o mercado imobiliário está atravessando um momento atípico, de considerável redução no volume de negócios. Como caso específico, o mercado de locação sofreu uma alteração significativa, fazendo surgir particularidades que merecem ser vistas com atenção pelo locador.
Veja nesse artigo como considerar essas particularidades e como negociar o aumento do aluguel do seu imóvel.
Ainda que uma leve perspectiva de melhora da economia já comece a ser anunciada, seja numa negociação direta com o locatário, seja por intermédio de uma imobiliária, é importante que, antes de tudo, o locador compreenda a série de fatores que tem forçado os valores do mercado imobiliário para baixo. Dentre esses fatores, além da redução da atividade econômica no país, cabe aqui também destacar o nível elevado da taxa de juros, que influencia no custo do crédito imobiliário, e as novas regras de financiamento, que também dificultam o acesso aos empréstimos para o setor.
O raciocínio é simples. Com menos dinheiro circulando e com maior dificuldade para conseguir financiamento, as pessoas passaram a comprar menos, reduzindo a demanda. Com menor demanda, gradativamente os preços dos imóveis passaram a ser realinhados em patamares mais baixos do que eram praticados antes do início da crise. Como os aluguéis têm como um das bases de cálculo o valor do imóvel, eles também passaram a sofrer influência desta situação, inclusive com redução de valores.
Também como resultado da economia, há questões que devem ser consideradas na hora de negociar um contrato de um imóvel residencial, que são diferentes daquelas que influenciam o segmento de imóveis empresariais.
Cabe observar que no segmento residencial as novas regras de financiamento tornaram mais difícil o acesso aos imóveis, o que afastou um número significativo de pessoas do ideal da compra. Contudo, este público continua com a necessidade de moradia o que, naturalmente, as encaminha para o aluguel, mantendo a demanda neste setor.
Por outro lado, de modo geral, as empresas estão experimentando considerável redução no volume de negócios, o que levou várias delas a também reduzirem o espaço que ocupam, fechando unidades, se transferindo para imóveis menores e mais baratos ou, nos casos extremos, encerrando as atividades. Sendo assim, salvo em algumas cidades, praticamente em todo o país houve a desocupação de salas, lojas e de outros tipos de imóveis destinados às empresas, aumentando a oferta no setor o que, consequentemente, força os preços para baixo.
Porém, em qualquer tempo e para qualquer tipo de imóvel, no contrato de aluguel há o registro claro do que foi acordado entre locador e o locatário, inclusive no que diz respeito à periodicidade dos aumentos e ao índice que os definirão. Ou seja, o aumento já está previsto contratualmente, o que não impede que ele seja renegociado.
Por exemplo, se o valor do aluguel estiver muito defasado e aquém daquilo que custam outros aluguéis de imóveis semelhantes, é possível que o locador peça um reajuste maior, desde que seja justificado e que conte com a anuência do locatário.
Considerando o tempo de duração do contrato, a negociação pode acontecer em três circunstâncias. Na primeira, se o contrato já venceu e entrou no prazo indeterminado de duração, você pode negociar com o locatário partindo do princípio que, caso ele não concorde com o aumento do aluguel, você poderá pedir a devolução do imóvel, o que é um argumento forte.
Porém, se optar por esta estratégia, faça isso com a consciência de que, se o atual inquilino não aceitar sua argumentação e resolver deixar o imóvel, todos os custos que ele gera — IPTU, condomínio e manutenção — passarão a correr por sua conta, até que surja um novo locatário. Portanto, é preciso avaliar se vale mais um aumento menor, mantendo o inquilino atual, ou se é interessante arcar com esses custos e buscar um novo locatário que aceite o valor maior, o que pode levar algum tempo.
A segunda circunstância ocorre quando o contrato está entre 60 e 30 dias de chegar ao fim, que é a melhor ocasião para negociar um aumento. Afinal, por lei, depois de entrar naquele prazo indeterminado de duração do contrato que se inicia logo após o vencimento, os reajustes passam a ser automáticos, de acordo com o índice definido na primeira negociação, o que cria um argumento favorável ao inquilino.
Por fim, se o contrato está em plena vigência, as chances que você tem de conseguir um aumento serão muito pequenas, uma vez que o documento estabelece todos os critérios para que os reajustes aconteçam, não havendo motivos para o locatário aceitar um novo valor, antes do previsto contratualmente .
Naturalmente, qualquer argumento que você apresente para justificar o aumento poderá ser rebatido pelo locatário a partir de comparações com valores de outros aluguéis. Portanto, é essencial que você também se abasteça destas informações.
Para tanto, faça um levantamento do valor dos aluguéis de imóveis semelhantes ao seu e que estejam na mesma região. Isso servirá tanto para você se certificar se o valor do aumento pedido está adequado, quanto para se preparar para as argumentações do seu inquilino.
Mesmo que você tenha os argumentos mais consistentes, é preciso levar em conta que o inquilino pode ter razões suficientes para não aceitar o aumento como, por exemplo, não ter condições financeiras de arcar com ele. Ou então, mesmo aceitando o aumento, ele pode tentar algum tipo de compensação, como a isenção de alguns meses de aluguel ou o desconto no aluguel de benfeitorias que ele tenha feito.
Desde que as solicitações do locatário estejam de acordo com os critérios do bom senso, procure ser flexível nestas situações.
É sempre oportuno ter em mente que mais vale um bom inquilino pagando menos do que você gostaria de receber do que um mau inquilino que até aceite o valor que você está pedindo, mas que poderá causar problemas, como atrasos e inadimplência no pagamento dos aluguéis ou desleixo na manutenção do imóvel.
Portanto, se você já tem um inquilino que se consagrou pela pontualidade nos compromissos e pelo zelo com o seu imóvel, não deixe de considerar que esta é uma boa razão para mantê-lo.
A partir destas informações, você terá ótimas referências para negociar um aumento para o aluguel do seu imóvel. Para continuar se informando, que tal assinar nossa newsletter.