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Publicado na Quinta, 22 de maio de 2014, 11h27
Bolha imobiliária: realidade do setor está equivocada, diz presidente da Rede Secovi

SÃO PAULO – Quando se fala de imóveis no Brasil, é quase impossível não esbarrar no dilema da existência ou não de uma bolha imobiliária. Especialistas se dividem sobre o tema, enquanto os compradores veem o preço subirem ao longo dos anos.

Para o presidente da Rede Secovi (Sindicato da Habitação) de Imóveis, Nelson Parisi Júnior, suposições sobre a existência de uma bolha imobiliária no Brasil desencadeiam uma série de análises equivocadas sobre a realidade do mercado imobiliário. “Quem ampara seus argumentos para a bolha brasileira no episódio ocorrido nos Estados Unidos em 2008 demonstra um profundo desconhecimento sobre o mercado imobiliário”, afirma.

Segundo ele, os bancos brasileiros são criteriosos na concessão de crédito e, na média, financiam 65% do valor do imóvel. Já nos EUA e em alguns países da Europa, esse percentual atingia 120%.

Outro fator que nega a existência de uma bolha no mercado brasileiro é o percentual de participação dos financiamentos com relação ao PIB (Produto Interno Bruto), diz Júnior. “Em países que tiveram o preço dos imóveis reduzidos, em função da bolha, o total do crédito imobiliário superava 50% do PIB – em alguns casos, passava de 130% do PIB.”

Nos EUA, em 2006, um ano antes de os preços começarem a cair, a relação era de 79% do PIB. No Brasil, apesar de todo o crescimento dos últimos anos, esse número é hoje de aproximadamente 8,1% do PIB.

Preços
Alguns especialistas afirmam que agora não é o momento adequado para comprar um imóvel, pois a tendência é de que os preços caiam. Para o presidente da instituição, diversos fatores indicam que os preços não vão reduzir.

No caso de São Paulo, por exemplo, os terrenos estão cada vez mais escassos; com isso, imóveis que não se encontravam à venda são comprados com a finalidade de formar áreas para incorporação. Assim, os proprietários, cientes da falta de oferta, pedem por eles cifras muitas vezes descoladas da realidade.

A falta de mão de obra qualificada é outro percalço enfrentado pelas empresas do setor. “Os bons profissionais são contratados com salários cada vez maiores, e não houve tempo para formação de técnicos para suprir a demanda. Isso, somado aos preços dos materiais de construção e alguns insumos, tem elevado os custos de construção acima da inflação”, afirma.

Além disso, há quem tente atribuir a ascensão dos preços à ânsia do mercado em obter mais lucros. Desde a abertura de capital de grandes empresas do setor, em 2007, até o ano passado, a média de margem líquida tem-se mantido estável na casa dos 15%, explica Júnior.

“Dado esse emaranhado de variáveis, é praticamente improvável que o preço dos imóveis novos caiam, como desenham alguns especialistas. A boa notícia é que não há previsão de significativas altas como as havidas nos últimos anos. Se aumentar, será em menor grau, acompanhando a variação da inflação.”