Na contramão dos analistas do mercado ouvidos nesta quarta-feira, 30, pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, o coordenador do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, considera pouco provável que agosto seja o último mês de registro de deflação para o indicador.
Isso porque, segundo ele, partindo de uma taxa negativa de 0,61% em julho, segundo divulgou hoje a FGV, mesmo que o IGP-M avance um pouco não chegará a perto de zero em setembro. "Para que isso aconteça seria necessário alguma surpresa no período", disse Quadros, ao sinalizar que essa possibilidade não está no seu radar.
Se o IGP-M estivesse no meio do caminho com uma queda em torno de 0,2%, 0,3, poderia se dizer com mais certeza que agosto seria o último mês de queda dos preços gerais e que em setembro o IGP-M já poderia voltar a frequentar o terreno positivo, avaliou.
Contudo, Quadros acredita que, mesmo que mais lentamente, a tendência é de o IGP-M voltar para o terreno positivo. Não tão rapidamente como acreditam os analistas do mercado, mas voltará. E dados de que isso vai se confirmar, segundo ele, já são vistos nos grandes grupos e subgrupos que compõem o indicador.
Os preços dos produtos alimentícios in natura no varejo, por exemplo, cuja queda foi reduzida de 12,73% em junho para 7,71% em julho, responderam por dois terços da aceleração de 0,33 ponto porcentual do IPA-M . Na passagem de junho para julho, o IPA-M saiu de uma queda 1,44% para recuo de 1,11%.
Tomate
O preço do tomate, por exemplo, que havia caído 28,03% em junho, recuou de 17,06% em julho, mostrando que a deflação destes produtos já não é mais tão grande. Outro exemplo citado por ele são os alimentos processados, que aceleraram 0,15 ponto porcentual ao reduzir a queda de 0,34% em junho para uma queda menor, de 0,29% neste mês. O mesmo comportamento foi visto no preço da carne bovina, que saiu de uma queda de 1,39% em junho para -1,05% em julho.