SÃO PAULO (Reuters) - As vendas reais de materiais de construção no Brasil devem fechar 2014 com recuo de 4 por cento, previu nesta terça-feira a associação que representa o setor, Abramat, revisando novamente suas estimativas após fraco desempenho da indústria em setembro.
No mês passado, as vendas deflacionadas do setor subiram 5,2 por cento ante agosto, mas caíram 5,7 por cento sobre setembro de 2013, no sétimo resultado negativo seguido da série.
No acumulado de janeiro a setembro, o faturamento real do setor caiu 6,5 por cento ante igual período do ano passado.
Com o resultado, a Abramat voltou a reduzir a expectativa para o ano, passando a prever queda de 4 por cento nas vendas reais em 2014, ante projeção anterior de alta de 0,5 por cento. O desempenho deverá ser o pior para a indústria desde 2009, quando houve declínio de 8,8 por cento nas vendas.
"O crescimento sobre agosto não foi suficiente para recuperar a forte queda das vendas do primeiro semestre", afirmou o presidente da Abramat, Walter Cover, em comunicado.
"O mercado foi duramente afetado pelo pessimismo em relação à economia, reforçado pela perda de dias úteis em função da Copa e feriados, bem como pelo aumento nas importações", disse Cover.
Apesar de esperar uma modesta recuperação dos resultados nos últimos meses de 2014, com a ajuda principalmente das vendas no varejo, a Abramat reconhece que o trimestre será insuficiente para revertar o saldo negativo no acumulado do ano.
Esta é a quarta vez que a Abramat revisa estimativas para o ano, após abrir 2014 prevendo alta de 4,5 por cento nas vendas.
DIFERENÇAS
Para a Abramat, o mercado de materiais básicos sofreu mais que o de acabamento devido à forte retração nos investimentos públicos e privados, bem como no segmento imobiliário.
Em setembro, as vendas de materias básicos caíram 7,5 cento sobre um ano antes e subiram 4 por cento ante agosto. De janeiro a setembro, o segmento viu uma retração de 8,2 por cento.
As vendas de materiais de acabamento, por sua vez, caíram 2,6 por cento ante setembro do ano passado, mas subiram 6,2 por cento sobre agosto. Nos nove primeiros meses do ano, o recuo foi de 3,9 por cento.
O nível de emprego no setor teve avanço de 2,7 por cento em relação a setembro de 2013, e ficou estável sobre agosto.
(Por Marcela Ayres; Edição de Aluísio Alves)