SÃO PAULO – O mercado imobiliário brasileiro enfrenta uma grave crise que preocupa as entidades ligadas ao setor. As vendas e o número de lançamentos caíram, enquanto os estoques aumentaram. Os preços já caem nominalmente em algumas cidades e em quase todo Brasil a variação não é suficiente para cobrir a inflação. “O cenário atual é um dos piores já vistos pelo mercado imobiliário nos últimos anos”, disse Rodrigo Luna, presidente da Fiabci (Federação Internacional das Profissões Imobiliárias), durante evento em São Paulo na última quarta-feira (2).
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A retração da economia e a crise política são apontados como os grandes vilões. Para Luna, são necessárias várias medidas para que o país volte a crescer e o mercado imobiliário retome a trajetória de alta. “Precisamos de ajustes políticos, jurídicos e econômicos. Perguntas sem respostas não faltam”, afirmou.
Cláudio Bernardes, presidente do Secovi, destacou a forte queda dos lançamentos em São Paulo e em outras capitais do país. “No ano passado a situação já não era muito boa. Mas nada parecido com hoje”, disse. Segundo dados da entidade, a queda no número de unidades lançadas na capital paulista até o mês de outubro foi de 31,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já as vendas recuaram menos (queda de 3,3%) por conta do esforço das construtoras em fechar negócio. “As empresas precisavam de liquidez e fizeram promoções e descontos. Com isso, o volume financeiro negociado diminuiu 20% este ano, porque foram vendidas unidades mais baratas”, afirmou. Mas mesmo com o esforço de vendas, o estoque aumentou 5% na cidade.
De acordo com Bernardes, os números de São Paulo refletem a situação da maior parte do Brasil. O número médio de lançamentos recuou 24% este ano, na comparação com o mesmo período de 2014. “Em algumas capitais o mercado sofre mais. Em Belo Horizonte a queda foi de 46%, no Rio de janeiro de 48% e no Recife houve queda de 66% no número de lançamentos”, disse. Já em outras, como Goiânia e Salvador, houve aumento. “Estes casos são pontos fora da curva”, afirmou.
Crédito imobiliário
Octavio de Lazari Junior, ex-presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), lembrou que o crédito imobiliário também vem perdendo força. Ele afirmou que este tipo de operação é baseada em quatro pilares básicos: taxa de desemprego, confiança do consumidor, rendimento real e inadimplência. “Todos esses quatro pilares estão muito seriamente abalados. Não adianta achar que as coisas podem andar normalmente se [estes pilares] não tiverem bem estruturados”, afirmou.
Segundo o executivo, o volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança (SBPE) foi de R$ 66,7 bilhões no acumulado de janeiro a outubro deste ano, uma queda de 28,4% em relação ao mesmo período de 2014. Só este ano, a caderneta de poupança, principal fonte de recursos para o financiamento de imóveis no país, já perdeu R$ 57 bilhões do seu saldo até o final de outubro. “É um número muito alto”, disse.
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