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Publicado na Quarta, 17 de setembro de 2014, 16h38
Escócia sem libra esterlina seria ameaça para o setor imobiliário

Uma decisão em favor da independência escocesa no referendo de amanhã ameaça ser um peso para o mercado imobiliário do país, que está em expansão, se os milhares de proprietários de imóveis se tornarem devedores de bancos estrangeiros.

Os líderes políticos do Reino Unido se digladiam sobre se uma Escócia independente manteria a libra, com maiores consequências para a economia e a habitação. Se os proprietários de imóveis escoceses finalmente tiverem que pagar empréstimos denominados em libras em uma moeda estrangeira, poderiam enfrentar custos mais elevados e possíveis calotes.

O primeiro-ministro David Cameron alertou em 14 de setembro que a separação seria semelhante a um "divórcio doloroso" e disse que o Reino Unido não compartilhará sua moeda com uma Escócia independente. Os líderes da campanha pela independência rejeitam a ameaça do governo, insistindo que a Escócia e o resto do Reino Unido formariam uma união monetária para beneficiar ambos os países.

"Uma Escócia fora do Reino Unido abriria as comportas para as reais questões a respeito de moeda, taxas de câmbio, risco hipotecário e tributação imobiliária", disse Gordon Fowlis, diretor-gerente regional da Your Move, unidade da LSL Property Service, em comunicado enviado por e-mail. "Muitos detentores de hipotecas poderão ver a relação empréstimo-valor disparar quando as consequências de tomar empréstimos de um banco em um país estrangeiro forem desmascaradas".

Escravos da taxa de juros

Se uma Escócia independente mantiver a libra, isso "significaria ser escravo das taxas de juros estabelecidas por e para o restante do Reino Unido. Os problemas escoceses não seriam mais levados em consideração quando a política monetária fosse estabelecida", escreveu o economista-chefe do Deutsche Bank AG Group, David Folkerts Landau, em uma nota, em 12 de setembro. "Como os bancos da Escócia não teriam mais acesso ao apoio do Banco da Inglaterra, eles teriam que reforçar seus balanços reduzindo seus empréstimos".

Se a Escócia adotasse uma nova moeda, os tomadores de empréstimos com hipotecas em libras enfrentariam a possibilidade de pagamentos mais altos. Um em cada cinco proprietários de imóveis na Escócia teria dificuldades para honrar seus pagamentos hipotecários se eles subissem até 50 libras por mês, segundo uma pesquisa publicada em 20 de agosto pela Halifax, a unidade hipotecária do Lloyds Banking Group Plc, maior emprestador hipotecário do Reino Unido.

Danny Gabay, diretor da Fathom Consulting em Londres, disse que uma decisão em favor da independência criaria incerteza no mercado e custos mais altos para as hipotecas.

"Os bancos seriam muito mais relutantes para assumir riscos porque não está claro qual soberania está por trás deles", disse Gabay. "Isso tudo resulta em um aperto das condições de crédito na Escócia e é provável que exerça pressão descendente sobre os preços dos imóveis, que já estão superestimados em relação à renda".

Embora Cameron, do Partido Conservador, e os líderes dos outros dois principais partidos em Londres tenham dito que uma Escócia independente não pode manter a libra, o primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, disse que a nova nação manteria a moeda.

Tony Ward, CEO da empresa de serviços hipotecários Home Funding Ltd. em Tenterden, Inglaterra, disse que as incertezas prevalecerão, seja qual for o resultado da votação.

"Não há muito que possamos realmente fazer agora, exceto lidar com a situação e deixá-la passar", disse Ward. "Esperamos que o bom senso prevaleça e que ambas as partes se sentem para resolver o que precisam fazer para contentar os mercados e nos dar alguma certeza".